Conquistadora de Corações

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20.04.2024 - 09:00:00 | 4 minutos de leitura

Conquistadora de Corações

Ao aproximar-se o mês de maio, o coração e a mente do fiel católico já se recordam da Mãe, A Virgem Maria. E para um Dehoniano, que aprendeu com seu fundador, Padre Dehon (DE 264), a espiritualidade do Coração de Jesus pelo Coração de Maria como via de santidade, isso é ainda mais intenso.

Nosso Diretório Espiritual diz: “alguns santos, tomados de admiração e de entusiasmo pela beleza, santidade, amabilidade de Maria, a chamaram de conquistadora de corações. A beleza, a graça, a suavidade das suas virtudes conquistaram primeiro o Coração do seu Deus e atraíram-no para nela assumir a sua carne e nela habitar”. (DE 85) Esta afirmação de Padre Dehon nos revela o movimento interior do coração de nosso fundador. Ele, que está no contexto em que Leão XIII, durante seu de pontificado (1878-1903), escreveu dez encíclicas sobre o santo Rosário e a devoção Mariana. Na Encíclica que escreveu por ocasião do cinquentenário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, ressaltou a figura de Maria como Medianeira, junto ao Mediador, Jesus Cristo, utilizando como fundamento o Tratado da Verdadeira Devoção de São Luís Maria Grignion de Montfort, devoção particular de Padre Dehon, herdada de sua Mãe Estefânia Vandelet, e recomendada a seus religiosos. (DE 265)

E nesta de via de amor e devoção à Virgem Medianeira de todas as Graças, nós também somos inseridos, ao participarmos da experiência de fé vivida por Padre Dehon (RV 2), que afirma: “nas palavras, Ecce Venio...., Ecce Ancilla..., encontram-se toda nossa vocação, nossa finalidade, o nosso dever, as nossas promessas” (DE 14) (RV 6). Bem como, que pela herança espiritual que recebemos de nossas famílias, que foram os que por primeiro nos colocaram no colo de Maria, seja pela devoção à Nossa Senhora Aparecida, ou pelas músicas marianas, de nosso confrade Padre Zezinho, scj, ou ainda pelas “rezas” do terço em família.

Assim, nós também podemos dizer com propriedade que ela conquistou nosso coração e o conquistou para o Coração de seu Filho. Por isso, queremos corresponder a este amor conquistador com nossa oferta de vida em união com Maria (DE 4), que é nosso modelo (DE 77).

Procurando imitar suas virtudes, a começar pela disponibilidade, expressa no seu “Ecce Ancilla”, que fielmente esteve em seus lábios desde de Nazaré ao Calvário (DE 80), pelo modelo de vida oculta, que Maria cultivou com São José no cuidado com a Sagrada Família, e que nos move a viver a vida comunitária em “nossas Nazarés” - nas nossas comunidades religiosas, nas quais, como Maria, cultivamos nossa vida interior, no silêncio e na contemplação, do mesmo modo que “Maria, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19). Assim, pode-se vislumbrar que o coração de Maria está associado aos mistérios da vida escondida do Sagrado Coração de Jesus, e dá-nos o exemplo da contemplação do amor.

Ainda, pela vida apostólica, que com Maria Santíssima iniciou desde o momento da Anunciação, quando ela compreende a sua vocação missionária e parte apressadamente as regiões montanhosas de Judá, para encontrar Isabel, e proclamar seu Magnificat; igualmente ao acompanhar a ação missionária de seu Filho, desde o dia em que o encontrou o Menino Deus no Templo (Lc 2, 46 – 50), passando por sua vida pública, até receber dele a missão de Mater Ecclesiae, aos pés da Cruz (Jo 19, 25 – 27).

Enfim, ao refletir sobre as virtudes marianas que nos são modelos, percebemos que são vastas as oportunidades de crescimento na vida consagrada, se nos propusermos a trilhar o caminho discipular feito por Maria. De modo semelhante, reconhecemos a dignidade da devoção e consagração à Santíssima Virgem, que nos faz crescer na vida interior e nos dá suporte com sua intercessão. Esta que é, segundo Dehon, a mais querida devoção, após a do Coração de Jesus. Por isso, “celebramos com alegria e devoção o mês de Maria” (DE 264). E, com padre Dehon, “consagremo-nos à Rainha dos céus e tenhamos a confiança na medianeira de todas as graças” (NQ I, 67).

Fonte: Fr. Leonardo Jacomelli, SCJ
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